domingo, 18 de novembro de 2012

Nenhuma sombra é tão escura quando a enfrentamos e nenhum caminho é tão longo quando nos dispomos a percorre-lo.Yasmin Assad

A mascara\ O palhaço

Abrem-se as cortinas; apagam-se as luzes; acendem-se os holofotes e a platéia aplaude, assobia e espera. Espera ansiosa pela chegada do artista.

Quem virá? Malabaristas, equilibristas, animais amestrados, ou...

Estouros, gritos, palmadas e eis que olhando maliciosamente para os espectadores surge o palhaço.

Ele canta, dança, conta piada e gargalha, gargalha até não poder conter a lágrima que desce pelo rosto pintado. Rosto tão alvo, que não se percebe uma reação! É um rosto risonho, debochado e...sem expressão, sem vida.

Aquela máscara encobre o vazio que o pobre palhaço sente. Aquele sorriso pintado, mascara um estremecimento dos lábios, e, aquela lágrima que todos aplaudem como fazendo parte da representação, é a única verdade que se espalha pelo rosto do artista.

A solidão de seus dias é sempre acompanhada pela espera inútil da realização de seus sonhos e são suas companheiras inseparáveis.

Sua dor é o palco onde irá logo mais representar a farsa que o destino lhe impôs.

Gargalhar...gargalhar...e sufocar no peito a dor da solidão causada pela saudade.

Pobre palhaço, que para alegrar o público, precisa ele próprio rir da sua solidão e amargura.

Autora: Zenaide Pereira Vuolo Garcia

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