Os Olhos...
No livro Os
fundamentos do Budismo, de Elena Roerich, representante oficial da Ordem
Rosacruz no Tibete, encontramos que: ”Carma é a ação de conseqüências do que é
feito pelo homem em atos, pensamento e palavra... Daí, a responsabilidade do
homem diante de tudo que existe e, sobretudo, diante de si mesmo...” ”O que
chamo de carma não é mais que pensamento, pois, tendo pensado, o homem agiu com
seu corpo, sua palavra e sua mente”.
Você, que aceita
essa verdade, discipline-se e queira ser feliz. Reconheça, em si mesmo, que seu
comportamento pode ser melhorado e que alguns hábitos negativos de sua
personalidade devem ser mudados.
Se sua visão
enfraqueceu e você já não consegue ler ou enxergar como antes, ou mesmo se você
trouxe essa deficiência desde o nascimento, está na hora de refletir sobre seus
pensamentos e atitudes passados. Consulte o ”arquivo” das emoções e procure
aquele sentimento de recusa e inflexibilidade em acreditar que tudo pode mudar.
Provavelmente,
algum fato, ou a própria vida o feriu, fazendo com que você prefira não ver tal
ou tais coisas ou pessoas que o fizeram sofrer.
Você diz que já
esqueceu o problema e que até já perdoou. Entretanto, seu inconsciente não
mente e você pode estar sendo
Vítima de sua
consciência orgulhosa. Há muitas maneiras de ”negarmos” a visão:
— quando estamos
em estado de depressão constante;
— quando um fato
desagradável em família nos ”cega” de raiva ou ressentimento;
— quando passamos
certos momentos, em nossa vida, que não nos agradam, ou teimamos em não ver o
outro lado das questões;
— ou, mesmo,
quando não queremos mais cruzar com a pessoa ou situação que nos atormentam,
etc.
Para
exemplificar, vou contar um fato.
Certa ocasião,
conversando com uma mulher que havia perdido a visão repentinamente ouvi dela
que ficara cega do olho esquerdo por causa do rompimento do nervo óptico —
segundo diagnóstico dos médicos. Perguntei-lhe há quanto tempo o fato havia
acontecido. ”Há cinco anos”, respondeu-me. Passei, então, a fazer-lhe novas
perguntas para que eu, através de suas próprias respostas, pudesse auxiliá-la
em sua reabilitação.
Perguntei-lhe se
guardava mágoa de alguém ou não queria ver algum homem que lhe fizera tanto
mal. Ceticamente respondeu-me que não tinha problemas com homem algum. Resolvi
ir mais fundo e direto na questão: perguntei-lhe qual o fato marcante que lhe
ocorrera há cinco anos... envolvendo algum homem.
A essa pergunta
sua reação foi imediata: deixou vir à tona suas emoções escondidas. Era o que
eu buscava. Ressentida, revelou-me que naquela época seu pai havia falecido e
que isso fez com que ela sofresse muito. As cenas descritas e a seqüência de
detalhes sobre a morte de seu pai mostraram-me que carregava em seu coração o
trauma de sua perda. Disse-lhe, então, que enquanto ela não perdoasse o pai por
tê-la deixado e não passasse a aceitar os acontecimentos da vida com
compreensão e gratidão, sua vista não voltaria ao normal.
Se o cérebro
dessa mulher estiver com o hemisfério cerebral esquerdo mais desenvolvido —
cética, analítica, fechada, repetitiva, etc. — com certeza terá de esperar
muito tempo até que outras pessoas lhe digam o mesmo, fazendo-a entender o
quanto é
importante o
autoconhecimento para a solução de muitos problemas. Mas, se seu hemisfério
cerebral direito for o mais desenvolvido — amplo, receptivo, aberto, intuitivo,
emocional, meditativo, etc. —ela, pelo menos, pensará no assunto e encontrará
uma forma de ”conversar” com seu próprio coração e descobrir porque ainda sofre
inconscientemente.
É muito fácil
para a mente restaurar um nervo óptico! Difícil é mandar uma mensagem simples e
direta para que ela trabalhe objetivamente, pois a mente consciente desconhece
que a comunicação com a mente subconsciente deve ser clara e simples.
Todo e qualquer
esforço no sentido de exteriorizar a força interior através de rituais,
alegorias, frases longas, orações, etc., esbarra na dificuldade da realização
total, ou seja, quanto mais complicamos a mensagem que deve ser dirigida à
mente subconsciente, menos ela assimilará o objetivo que você deseja.
Ela responde com
maior rapidez às frases simples, curtas, objetivas, firmes (positivas) e
coerentes com as emoções.
Interiorize-se,
concentre-se e mande à sua mente desejos e emoções com absoluta convicção, caso
contrário ela preferirá manter como resposta o pedido anterior, ou seja, os
sentimentos convictos que você mais freqüentemente manifestou, mesmo que tenham
sido negativos. Para sua mente inconsciente, basta pensar com emoção e crença
para que ela se manifeste psicossomaticamente ou através do ambiente em que
vivemos.
Portanto, se algo
em nossa vida causou-nos sensações fortes de tristeza, medo, ódio, desgosto,
etc., o corpo servirá como portavoz da nossa mente, para nos mostrar que
estamos saturando nosso coração, guardando tantos ”lixinhos” do passado ou
medos do futuro.
Cristina Cairo/Livro: Linguagem do Corpo
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