quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Os Olhos...


 

Os Olhos...

 

No livro Os fundamentos do Budismo, de Elena Roerich, representante oficial da Ordem Rosacruz no Tibete, encontramos que: ”Carma é a ação de conseqüências do que é feito pelo homem em atos, pensamento e palavra... Daí, a responsabilidade do homem diante de tudo que existe e, sobretudo, diante de si mesmo...” ”O que chamo de carma não é mais que pensamento, pois, tendo pensado, o homem agiu com seu corpo, sua palavra e sua mente”.

Você, que aceita essa verdade, discipline-se e queira ser feliz. Reconheça, em si mesmo, que seu comportamento pode ser melhorado e que alguns hábitos negativos de sua personalidade devem ser mudados.

Se sua visão enfraqueceu e você já não consegue ler ou enxergar como antes, ou mesmo se você trouxe essa deficiência desde o nascimento, está na hora de refletir sobre seus pensamentos e atitudes passados. Consulte o ”arquivo” das emoções e procure aquele sentimento de recusa e inflexibilidade em acreditar que tudo pode mudar.

Provavelmente, algum fato, ou a própria vida o feriu, fazendo com que você prefira não ver tal ou tais coisas ou pessoas que o fizeram sofrer.

Você diz que já esqueceu o problema e que até já perdoou. Entretanto, seu inconsciente não mente e você pode estar sendo

Vítima de sua consciência orgulhosa. Há muitas maneiras de ”negarmos” a visão:

— quando estamos em estado de depressão constante;

— quando um fato desagradável em família nos ”cega” de raiva ou ressentimento;

— quando passamos certos momentos, em nossa vida, que não nos agradam, ou teimamos em não ver o outro lado das questões;

— ou, mesmo, quando não queremos mais cruzar com a pessoa ou situação que nos atormentam, etc.

Para exemplificar, vou contar um fato.

Certa ocasião, conversando com uma mulher que havia perdido a visão repentinamente ouvi dela que ficara cega do olho esquerdo por causa do rompimento do nervo óptico — segundo diagnóstico dos médicos. Perguntei-lhe há quanto tempo o fato havia acontecido. ”Há cinco anos”, respondeu-me. Passei, então, a fazer-lhe novas perguntas para que eu, através de suas próprias respostas, pudesse auxiliá-la em sua reabilitação.

Perguntei-lhe se guardava mágoa de alguém ou não queria ver algum homem que lhe fizera tanto mal. Ceticamente respondeu-me que não tinha problemas com homem algum. Resolvi ir mais fundo e direto na questão: perguntei-lhe qual o fato marcante que lhe ocorrera há cinco anos... envolvendo algum homem.

A essa pergunta sua reação foi imediata: deixou vir à tona suas emoções escondidas. Era o que eu buscava. Ressentida, revelou-me que naquela época seu pai havia falecido e que isso fez com que ela sofresse muito. As cenas descritas e a seqüência de detalhes sobre a morte de seu pai mostraram-me que carregava em seu coração o trauma de sua perda. Disse-lhe, então, que enquanto ela não perdoasse o pai por tê-la deixado e não passasse a aceitar os acontecimentos da vida com compreensão e gratidão, sua vista não voltaria ao normal.

Se o cérebro dessa mulher estiver com o hemisfério cerebral esquerdo mais desenvolvido — cética, analítica, fechada, repetitiva, etc. — com certeza terá de esperar muito tempo até que outras pessoas lhe digam o mesmo, fazendo-a entender o quanto é
importante o autoconhecimento para a solução de muitos problemas. Mas, se seu hemisfério cerebral direito for o mais desenvolvido — amplo, receptivo, aberto, intuitivo, emocional, meditativo, etc. —ela, pelo menos, pensará no assunto e encontrará uma forma de ”conversar” com seu próprio coração e descobrir porque ainda sofre inconscientemente.

É muito fácil para a mente restaurar um nervo óptico! Difícil é mandar uma mensagem simples e direta para que ela trabalhe objetivamente, pois a mente consciente desconhece que a comunicação com a mente subconsciente deve ser clara e simples.

Todo e qualquer esforço no sentido de exteriorizar a força interior através de rituais, alegorias, frases longas, orações, etc., esbarra na dificuldade da realização total, ou seja, quanto mais complicamos a mensagem que deve ser dirigida à mente subconsciente, menos ela assimilará o objetivo que você deseja.

Ela responde com maior rapidez às frases simples, curtas, objetivas, firmes (positivas) e coerentes com as emoções.

Interiorize-se, concentre-se e mande à sua mente desejos e emoções com absoluta convicção, caso contrário ela preferirá manter como resposta o pedido anterior, ou seja, os sentimentos convictos que você mais freqüentemente manifestou, mesmo que tenham sido negativos. Para sua mente inconsciente, basta pensar com emoção e crença para que ela se manifeste psicossomaticamente ou através do ambiente em que vivemos.

Portanto, se algo em nossa vida causou-nos sensações fortes de tristeza, medo, ódio, desgosto, etc., o corpo servirá como portavoz da nossa mente, para nos mostrar que estamos saturando nosso coração, guardando tantos ”lixinhos” do passado ou medos do futuro.
             
 
                               Cristina Cairo/Livro: Linguagem do Corpo

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